"Noutros lugares, o tempo parou também para eles quando os seus lábios tocaram lábios. Em todo o mundo, em praças, escadas, túneis, pontes, o gesto simples de lábios que se aproximam, pele que começa a tocar-se no limiar dos seus contornos, que se junta, lenta e absolutamente, e que fica, pele de encontro a pele, lábios lábios; em todo o mundo, debaixo de muitas árvores tão diferentes, sob o toque de muitos sinos, nas margens de rios grandes e pequenos, madeixas de cabelo que tocam a face, a força de um rosto sentida por outro rosto, o sabor; em todo o mundo, pessoas de todos os tamanhos e de todas as raças, casas de madeira e de pedra, jardins, o peso morno das pálpebras sobre os olhos, a respiração a tocar a pele, lábios lábios, manhã ou tarde ou noite agora, campos, cidades, pessoas, duas pessoas, o mundo todo parado para duas pessoas em todo o mundo."
in Cemitérios de Pianos, de José Luís Peixoto
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