Declaração de amor à Língua Portuguesa

Li isto e não quis acreditar. A sério que não. Já andei na escola há alguns anos, e português era das disciplinas que mais gostava. Sabia que existiam alterações no ensino do português, mas não sabia que eram desta dimensão. Não quero acreditar que isto se está a passar nas nossas escolas. Que em vez de passarem aos seus alunos o gosto por ler, estimularem a sua imaginação e os ensinarem a pensar, os nossos professores de português têm eles próprios de andar a aprender outra vez todos estes nomes esquisitos e pomposos que colados com cuspo para o teste não servem aos alunos para absolutamente mais nada.

Sempre pensei que ao lado das regras de gramática, o papel mais importante da escola fosse ensinar a gostar de ler. Mas não, assim não vamos lá.

A maioria das crianças que andam agora na escola só poderão ser salvas pelos pais e pelos avós que em casa lhes transmitam o gosto por ler. Para as outras isso será sempre uma grande maçada.

Teolinda Gersão escreveu este texto para o Observatório da Língua Portuguesa.

Eu vou ali acabar de ler o meu livro e volto já.

"Tempo de exames no secundário, os meus netos pedem-me ajuda para estudar português. Divertimo-nos imenso, confesso. E eu acabei por escrever a redacção que eles gostariam de escrever. As palavras são minhas, mas as ideias são todas deles."

Vou chumbar a Língua Portuguesa, quase toda a turma vai chumbar, mas a gente está tão farta que já nem se importa. As aulas de português são um massacre. A professora? Coitada, até é simpática, o que a mandam ensinar é que não se aguenta. Por exemplo, isto: No ano passado, quando se dizia “ele está em casa”, ”em casa” era o complemento circunstancial de lugar. Agora é o predicativo do sujeito.”O Quim está na retrete” : “na retrete” é o predicativo do sujeito, tal e qual como se disséssemos “ela é bonita”. Bonita é uma característica dela, mas “na retrete” é característica dele? Meu Deus, a setôra também acha que não, mas passou a predicativo do sujeito, e agora o Quim que se dane, com a retrete colada ao rabo.